Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo.
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe porque ama, nem o que é amar…
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…
Hoje apetece-me este!
Às vezes sou assim... tão deliciosamente Caeiro - o senhor não acertava tudo, é verdade, mas esta filosofia de não ter filosofia, apenas sentidos... é de mestre, há que admitir (ainda que nem sempre fácil de aplicar ao quotidiano). De qualquer forma, enquanto me fôr possível ir tendo pequenos rasgos desta lucidez, acho que vou conseguir manter-me saudável.
beijito sentido:)
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3 comentários:
Caeiro!!! Este poema!! Que máximo... Sempre adorei esta faceta de Pessoa, para mim a que mais lindamente nos ensina a verdadeira essencia das coisas!
Grande escolha Anocas!
Bjoka
que bom ler-te por cá:D aparece mais vezes, dida do meu coração;) bjufa gande
Grande escolha mesmo... e muito lúcida, diga-se de passagem =)
Caeiro podia não saber tanto como os seus "primos pessoanos", mas sabia o suficiente...
Deixo aqui um pequeno contributo para esta bem recheada gaveta,
bjos
"Sou um guardador de rebanhos.
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz."
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